domingo, março 20, 2011

Pássaro sem nome

a Clara

A moça ficava em dúvida de qual era o passarinho que vinha visitar seus hibiscos vermelhos agarrados à grade verde-escura que cercava a casa. Ela deitava na grama do quintal com seu vestido amarelo (às vezes azul-turquesa e outras verde-clarinho) e observava o bate-bate de asas que vinha buscar néctar e depois desaparecia, até a próxima manhã.

Todo dia era a mesma coisa. Ela ficou tão curiosa, que procurou na internet, nos livros e até em um clube de observadores de pássaros, para descobrir como chamar o passarinho. Ficou uma semana nessa busca e não encontrou qualquer pessoa que soubesse.

Aos poucos, acostumou-se com a ideia de não chamá-lo e continuava a receber sua visita certeira, anônima e muito querida.

Um dia, uns meses depois, um homem que passava pela rua apontou e disse alto, para um de seus amigos, "Um beija-flor balança-rabo-canela, é extremamente raro e só existe na Bahia. Tira uma foto!"

Depois disso, o pássaro nunca mais veio. O nome era o que menos importava.