Maria ensinava o filhinho a descascar batatas. Cena típica: sentava em uma cadeira de madeira, sem braços, com um avental florido sobre o colo e uma bacia cheia de tubérculos recém-lavados no chão, entre as pernas. À sua esquerda, uma pilha de cascas e, do lado direito, o menino, Amadeu, à beira do fogão, que recebia o vegetal nu e colocava para boiar na panela de pressão. A mãe salientava muito o perigo trazido pela lamina da faca, que poderia machucar seus dedinhos, para que apenas tentasse fazer sob o olhar de adultos. “Cuidado para não perder muita batata, corte bem fininho, mas não tão fino a ponto de quebrar a tira, olhe, bem rente, bem a par com a carninha amarela”, descrevia com carinho. E fazia os gestos e produzia espirais e espirais intermináveis daquele filete marrom. O menino prestava a maior atenção do mundo, como se sua mãe estivesse partilhando um dos grandes segredos da humanidade. E, longe de ser coisa boba de criança, na verdade, ela estava mesmo.
Batatas leguminosas que possuem casca marrom têm liberdade poética, eu acho.
ResponderExcluirhttp://www.fotosearch.com.br/PTC107/035542/ :)
ResponderExcluiré que as batatas LEGUMINOSAS (faseoláceas; papilionáceas) que possuem casca marrom ainda têm liberdade poética, eu acho.
ResponderExcluirSaquei, batata não é legume. Óquei. Obrigado. :)
ResponderExcluir