para Leda Cartum
A distância cola feito poeira na gordura da pele.
Passa o tempo, e o sentimento,
obnubilado,
pergunta se
a pessoa querida
obnubilado,
pergunta se
a pessoa querida
existiu mesmo
ou
foi apenas sonho.
A distância cala feito poeira nas estantes.
E a garganta, ardida, não consegue
ou
foi apenas sonho.
A distância cala feito poeira nas estantes.
E a garganta, ardida, não consegue
reclamar
saudades.
A distância sela nosso lombo e nos cavalga
nos descontrolo que é existir, disparada,
no longepertopertolonge,
nas entremargens, nos entrepostos,
no aqui nosso de cada segundo,
no viscoso dia a dia (turbilhão desenfreado).
Aos poucos, surge um código binário de lembreis cada vez mais escassos: esqueci, esqueci, lembrei, esqueci, lembrei, esqueci, lembrei, esqueci, lembrei, esqueci, esqueci, esqueci, esqueci. Primeiro, quanto a momentos no dia, depois, dias na semana. Mais tarde, nos damos conta de que já estávamos a um ano sem lembrar. E anos, temos tão poucos.
A resposta pra um poema destes todos sabem: uma palavra, um gesto, um abraço, de repente, transpõem tudo - as geografias, as metamorfoses, os humores - e a gente, mesmo que por apenas um átimo, se realcança.
(Inevitável:)
depois
volta
a distância,
poeira na gordura.
Mas e daí?
É bonito como essa coisa,
a amizade,
dispersa o acúmulo de novo e
de novo e
de novo e
de novo e
de novo e
de novo e
de novo e
de novo e
de novo e
de novo e
de novo e
de novo...
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